Abordagem cirúrgica para extração de canino impactado em âmbito ambulatorial sob regime de sedação mínima em paciente com TEA

Relato de Caso

Abstract

Pessoas com deficiência (PcD) enfrentam barreiras que dificultam sua plena participação na sociedade. Dentre os transtornos comportamentais, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se destaca como uma condição neurológica complexa que afeta a comunicação, a interação social e os padrões de comportamento. No contexto odontológico, indivíduos com TEA apresentam desafios específicos durante o tratamento, especialmente devido à hipersensibilidade sensorial, que pode causar resistência a estímulos como som, luz e tato. Além disso, são mais vulneráveis a problemas de saúde bucal, exigindo uma abordagem diferenciada e criteriosa por parte dos profissionais de saúde. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo relatar um caso clínico de atendimento odontológico prestado a uma paciente com TEA, utilizando sedação consciente para viabilizar a realização de uma cirurgia de extração dentária. A paciente é uma jovem de 15 anos, com diagnóstico de TEA, que foi encaminhada à clínica odontológica universitária com suspeita de hiperplasia gengival. Durante a anamnese e os exames clínicos, foram identificadas diversas alterações oclusais, como mordida aberta anterior, apinhamento dentário severo, agenesia e presença de remanescentes radiculares. A avaliação radiográfica revelou um canino inferior esquerdo impactado (dente 33) localizado na região mentual e em posição vestibular, indicando a necessidade de intervenção cirúrgica. Para o manejo do caso, optou-se pela sedação consciente com benzodiazepínicos — especificamente Midazolam — devido ao seu rápido início de ação, curta duração e alta margem de segurança. A medicação foi administrada por equipe qualificada, seguindo todas as normas de biossegurança e protocolos clínicos recomendados. Conclui-se que o tratamento odontológico para pacientes com TEA requer planejamento individualizado, estratégias de manejo comportamental e, quando necessário, o uso criterioso da sedação consciente. Quando aplicada com segurança e ética, essa abordagem permite que os procedimentos sejam realizados com mais fluidez, promovendo um cuidado humanizado, eficaz e respeitoso, adequado às necessidades específicas desses pacientes.

Palavras-chave : Cirurgia de extração, Sedação consciente, Transtorno do Espectro Autista (TEA)