O USO DE CANABINOIDES NO TRATAMENTO DO ALZHEIMER

Resumo

A Doença de Alzheimer (DA) é caracterizada por declínio cognitivo progressivo, perda de memória, dificuldades nas atividades diárias e impacto na qualidade de vida. Sua fisiopatologia envolve o acúmulo de placas β-amiloide e emaranhados neurofibrilares de proteína TAU, associados à atrofia cerebral, inflamação crônica e morte neuronal. Além dos déficits cognitivos, a DA causa sintomas neuropsiquiátricos como: ansiedade, agitação, apatia e distúrbios do sono, que agravam a sobrecarga do paciente. Os tratamentos atuais, como inibidores da colinesterase e antagonistas do glutamato, têm efeito apenas sintomático e com muitas reações adversas. Nesse cenário, os canabinoides são promissores por apresentarem ações neuroprotetoras e anti-inflamatórias, além de melhorar sintomas comportamentais, beneficiar cognição e memória, e também, podendo reduzir as placas β-amiloide. Esta Revisão Integrativa da Literatura, fundamentada na Prática Baseada em Evidências, utilizou a estratégia PICo para formular a questão sobre o uso de canabinoides em idosos com Alzheimer. A busca foi realizada nas bases SciELO, LILACS, PubMed/MEDLINE e Web of Science, com descritores DeCS e MeSH, abrangendo estudos de 2015 a 2025. A seleção seguiu o protocolo PRISMA, e os dados foram sistematizados em tabela síntese, com avaliação do nível de evidência segundo os critérios do Instituto Joanna Briggs. Observou-se que os canabinoides, especialmente o CBD, mostram potencial terapêutico na doença de Alzheimer, reduzindo agitação, ansiedade e distúrbios do sono, com bom perfil de tolerabilidade. O CBD também exerce efeitos neuroprotetores, modulando a proteína TAU e a formação das placas beta-amiloide, o estresse oxidativo e a neuroinflamação via sistema endocanabinoide. Outros canabinoides, como o dronabinol e o nabilone, também demonstraram capacidade de atenuar a agitação noturna e a resistência durante os cuidados. Contudo, a pesquisa clínica tem se direcionado para o uso de CBD isolado ou formulações combinadas de THC e CBD para otimizar a eficácia e a segurança. Apesar dos resultados promissores, a evidência clínica permanece limitada pela escassez de ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo de larga escala, sendo necessários mais estudos.