RESULTADOS OPERACIONAIS DA BASE FLUVIAL INTEGRADA ARPÃO I E SEUS REFLEXOS NA PERCEPÇÃO DE SEGURANÇA EM COARI (AM)

Resumo

A região amazônica apresenta desafios geográficos e logísticos singulares para a atuação estatal, especialmente no enfrentamento ao crime organizado. Com municípios de difícil acesso, predominância de transporte fluvial e baixa densidade demográfica, a malha hidrográfica do Amazonas tem sido utilizada como rota estratégica para o tráfico de entorpecentes. Nesse contexto, a Base Fluvial Integrada Arpão I representa uma inovação logística, operacional e tática do Estado brasileiro ao estabelecer presença contínua e articulada em uma das principais calhas do Rio Solimões. Este artigo tem como objetivo analisar os resultados operacionais da Base Arpão I e seus reflexos sobre a percepção de segurança das comunidades ribeirinhas e indígenas da região. A pesquisa adota abordagem quali-quantitativa, com fins descritivos e exploratórios, utilizando dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (2020–2025), reportagens institucionais e um ofício produzido pela União dos Povos Indígenas de Coari do Amazonas (UICAM). Os resultados revelam a apreensão de aproximadamente 12 toneladas de entorpecentes, além de centenas de armas, munições e prisões, com valor econômico estimado superior a R$ 188 milhões. A análise documental identificou ainda a diversidade e sofisticação dos métodos de ocultação de drogas, que incluíam desde mochilas e fraldas descartáveis até estruturas como balsas, pisos de embarcação e peças automotivas. Em paralelo, observou-se a redução dos assaltos a embarcações e o aumento da sensação de segurança, especialmente entre os povos indígenas. Conclui-se que a Base Arpão I constitui um marco na repressão fluvial ao narcotráfico, mas sua sustentabilidade demanda integração com os saberes locais, escuta ativa das lideranças indígenas e fortalecimento de canais institucionais de diálogo com as populações tradicionais.