Petróglifos Amazônicos: Entre Interpretações Acadêmicas e Olhares do Povo Kubeo Yuri Pãrãmena
DOI:
https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p3615-3651Palavras-chave:
Petróglifos, etnoarqueologia, ancestralidade, povo Kubeo Yuri Pãrãmena, narrativas mitológicasResumo
O presente trabalho tem por objetivo apresentar as duas teorias que perpassam gerações sobre a arte rupestre, no caso, os petróglifos amazônicos que, ao longo dos anos, têm sido foco de grandes atenções e diversos debates sobre as formas de explicar a sua existência e o surgimento dessas artes primordiais inscritas na natureza. O estudo traz, portanto, uma breve análise e reflexão sobre a forma como eram colocadas as primeiras impressões e interpretações sobre os petróglifos pelos pesquisadores não indígenas e como ainda são vistas pelos povos indígenas Kubeo Yuri Pãrãmena. O estudo adota uma abordagem qualitativa de caráter etnoarqueológico, articulando análises arqueológicas dos petróglifos amazônicos com narrativas orais e memórias coletivas do povo Kubeo Yuri Pãrãmena. Foram utilizados como procedimentos metodológicos a observação direta, entrevistas semiestruturadas e registros de relatos de anciãos, destacando as contribuições de sábios ancestrais (Joanico Rodrigues e Elias Gonçalves, in memoriam) e dos anciãos Luisa Rodrigues e Manoel Saldanha. A pesquisa fundamenta-se, portanto, na integração entre dados materiais e simbólicos, valorizando as cosmologias indígenas como chave interpretativa para a compreensão dos significados atribuídos às inscrições rupestres.Com o novo despertar do estudo arqueológico, os petróglifos demonstram que, por meio das narrativas mitológicas, surge a forma de apresentar ou representar o real significado das simbologias rupestres, assim como lugares considerados sagrados atribuídos às inscrições rupestres e mitologias.
Downloads
Referências
ANDRELLO, Geraldo. Falas, objetos e corpos: autores indígenas no alto rio Negro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 25, n. 73, 2010.
ANDRELLO, Geraldo (org.). Rotas de criação e transformação: narrativas de origem dos povos indígenas do Rio Negro. São Paulo, Instituto Socioambiental; São Gabriel da Cachoeira (Am), FOIRN, 2012.
ANDRELLO, Geraldo. Cultura ou parentesco? Reflexões sobre a história recente do alto Rio Negro. Revista de Antropologia da UFSCar, v. 6, n. 1, p. 175-189, 2014.
ANGYONE COSTA. Migrações e Cultura indígena: ensaios de arqueologia e etnologia do Brasil. Companhia Editora Brasil - São Paulo-Rio de Janeiro-Recife-Porto Alegre, 1939.
BARRETO, João Paulo Lima. O mundo em mim: uma teoria indígena e os cuidados sobre o corpo no Alto Rio Negro. Editora Mil Folhas: Brasília, 2022.
BARRETO, João Rivelino Rezende. Formação e transformação de coletivos indígenas do noroeste amazônico: do mito à sociologia das comunidades / João Rivelino Rezende Barreto. Manaus: EDUA, 2018. 167 p.: il - (Coleção Reflexividades Indígenas).
BARRETO. Silvio Sanches. O peixe sobre beiju é o leite e espuma buiuiu: uma reflexividade antropológica indígena sobre a gestão cosmopolítica Tukano no Alto Rio Negro. Tese de doutorado em Antropologia. UFAM. Manaus, Amazonia. 2023.
CAYÓN, Luis. Penso, logo crio. A teoria makuna do mundo. Tese (Doutorado em Antropologia Social), Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
ETCHEVARNE, Carlos. PIMENTEL, Rita. (org..). Patrimônio Arqueológico da Bahia. Carlos Etchevarne, Rita Pimentel (organizadores). Salvador: SEI, 2011, 132 p. il. (Série de estudos e pesquisas, 88).
GASPAR, Madu. A arte rupestre no Brasil. Editora Schwarcz - Companhia das Letras, 2003.
GONÇALVES, José Rodrigues. Arte rupestre da ancestralidade Kubeo Yuri Pãrãmena: um estudo sobre os petroglifos do Wakaipani na região da comunidade Açaí, Alto Rio Uaupès/Am. 2025. 128 f. Dissertação (Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2025. Disponivel em, https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/11062
HUGH-JONES, Stephen. Escrever na pedra, escrever no papel. In: ANDRELLO, G. (org.) Rotas de criação e transformação: Narrativas de origem dos povos indígenas do Rio Negro. São Paulo: Instituto Socioambiental/FOIRN, 2012.
JUSTAMAND, M.; MARTINELLI, S. A.; OLIVEIRA, G. F. de; SILVA, S. D. de B. e. A arte rupestre pelo olhar da historiografia brasileira: uma história escrita nas rochas. Revista Arqueologia Pública, Campinas, SP, v. 11, n. 1[18], p. 130-172, 2017.
JUSTAMAND, M. O Brasil Desconhecido. As Pinturas Rupestres de São Raimundo Nonato têm muito a revelar. Somanlu: Revista de Estudos Amazônicos, Manaus, v. 19, n. 1, pp.04-24, 2019. DOI: 10.29327/233099.19.1-1. Disponível em: //www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/somanlu/article/view/5854. Acesso em: 20 jun. 2025.
JUSTAMAND, M. As pinturas rupestres do Brasil: memória e identidade ancestral. R. Mem., Tubarão, v. 1, n. 2, pp. 118-141, jan./abr. 2014.
JUSTAMAND, Michel. Corpos em evidência: cenas corpóreas antropomorfas rupestres em São Raimundo Nonato (PI). Cordis. Revista Eletrônica de História Social da Cidade 2011. Cordis. Historia, Corpo e Saude, n. 7, jul / dez. pp. 219-245, 2011.
JUSTAMAND, Michel. Cordis. História, Corpo e Saúde, n. 7, jul./dez. pp. 219-245, 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/277034082_Corpos_em_evidencia_cenas_corporeas_antropomorfas_rupestres_em_Sao_Raimundo_Nonato_PI.
KOCH-GRUNBERG, Theodor. Petróglifos Sul Americanos. Theodor Koch-Grunberg; organizado por Edithe Pereira; Tradução de João Batista Poça da Silva. - Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; São Paulo: Instituto Socioambiental, 2010.
MARTIN, Gabriela. Pré-história do Nordeste do Brasil. 5. ed. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2013.
MARTIN, Gabriela. Estudos para uma desmistificação dos petróglifos brasileiros: a pedra lavrada do Ingá. Revista de História, São Paulo. 1975. [S. I.], v. 1, n. 102, p. 509-537, 1975. DOI: 10.11606/issn. 2316-9141.rh.1975.132939. Disponível em: https://www.revistas.usp/br/revhistoria/article/view/132939. Acesso em: 12 ago. 2024.
MARTINS, Maria Sílvia Cintra. Inscrições rupestres, cantos sagrados, narrativas e literatura indígena. Percursos Linguísticos, Revista PERcursos Linguísticos - Dossiê - Por uma linguística menos eurocêntrica: reflexões, pesquisas e o estado da arte de línguas indígenas Vitória (ES), v. 13, n. 33, 2023
NASCIMENTO, Devison Amorim do. O que é arte rupestre da Amazônia. Devison Amorim do Nascimento. Belém: Conhecimento e Ciência, 2015.
NUNES, C.R.P.; PERALTA, P.D. Environmental Disaster in the Amazon. YaleGlobal Online, Data de publicação 3/9/2019, New Haven (US): Yale Press, 2019.
NUNES, C.R.P. Integrating Culture of the Amazon Rainforest Indigenous Traditional Knowledge: Challenges and Good Governance Practices. AREL FAAR, Vol. 7 Número 2, pp.10–21, Ariquemes, Rondônia: Editora FAAR, 2019. DOI: - https://doi.org/10.14690/2317-8442.2019v72357
OLIVEIRA, Alexandre dos Santos de. Tradução cultural e processos socioculturais na Amazônia. Alexandre dos Santos de Oliveira, São Paulo, 2019/EDUA: Manaus, 2019.
PEDROSO, D.R.; ANDRELLO, G. (org.) Rotas de Criação e Transformação: narrativas de origem dos povos indígenas do Rio negro. Revista de Antropología (2014). 57(2), pp.521-528.
PEDROSO, Diego Rosa. O que faz um nome? Etnografia dos Kubeo do alto Uaupés (AM). 2019. Doutorado (Doutorado em Antropologia Social)–São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
PEREIRA, E. Arte Rupestre na Amazônia. Museu Paraense Emílio Goeldi. São Paulo: UNESP, 2003.
PEREIRA, Edith. Arte rupestre e cultura material na Amazônia brasileira. In: PEREIRA, Edith; GUAPINDAIA, (vera orgs). Arqueologia Amazônica. Belém. Museu Paraense Emílio Goeldi, IPHAN, SECULT, 2012. vol. 1.
PROUS, André. Arqueologia brasileira. André Prous. - Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 1992.
PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. André Prous; ilustrações de Adriano Carvalho, 2.ª ed. Revista, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
SOUSA NASCIMENTO, Luiz Augusto. No rastro da cobra-grande: cosmologias e territorialidades no Médio Rio Negro. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 5 (10): 207-222, agosto a dezembro de 2018.
TUYUKA, P. H. T.;Valle, R. B. M. (2019). ɄTÃ WORI - Um Diálogo entre conhecimento Tuyuka e arqueologia Rupestre no Baixo Rio Negro, Amazonas, Brasil. Tellus, 19(39), 17-37. DOI: https://doi.org/10.20435/tellus.v19i39.576.
VALLE, Raoni. Arqueologia Rupestre no Baixo Rio Negro e o Diálogo com as Perspectivas Indígenas do Alto Negro-Amazônia Ocidental Brasileira. 2012.
VALLE, Raoni; HIGINO, Paoni. Uma nota sobre conversas rupestres entre um kitimasigʉtuyuka e um arqueólogo arigó na Amazônia. Revista Aru/ Revista de Pesquisa Intercultural da Bacia do Rio Negro, Amazonia. ISA - Instituto Socioambiental. n. 3. pp.103- 117, 2019.
VEIGA NETO, João Pimenta. Wakaipani, a grande Maloca Ancestral: Processos de diferenciação entre os Yúriwawa e Yuremawa dentro do conjunto Kubeo no Uaupés brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Sociais), Universidade de Brasília, 2014.
VIANA, Verônica; BUCO, Cristiane; SANTOS, Thalison dos; SOUSA, Luci Danielli. Arte rupestre. In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (Orgs.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016.
WAÍKHANA, Rosilene. Criando gente no Alto Rio Negro: um olhar Waíkhana. Mestrado em Antropologia Social. UFAM, Manaus, Amazonia, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 José Rodrigues Gonçalves, Michel Justamand, Claudia Ribeiro Pereira Nunes, Ana Cristina Alves Balbino , Mauro Alexandre Farias Fontes, Gabriel Frechiani de Oliveira, Maria Auxiliadora Coelho Pinto, Sidney Barata de Aguiar

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Você tem o direito de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
- Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado , prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas . Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.