Franquias do Crime
A lógica empresarial por trás da Governança do Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho
DOI:
https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p5554-5576Palavras-chave:
Facções Criminosas; Violência Letal; Segurança Pública; Crime Organizado; Amazônia.Resumo
Este estudo analisa os mecanismos de governança empregados pelas facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) para otimizar a distribuição de recursos e consolidar seu controle territorial. A pesquisa busca identificar, descrever e comparar esses modelos de governança criminosa com teorias corporativas, visando subsidiar políticas de segurança pública mais eficazes. A metodologia qualitativa, exploratória e descritiva baseou-se em entrevistas semiestruturadas com quatro profissionais de inteligência em 2020, permitindo uma análise abrangente da influência nacional das facções. Os resultados refutam a noção de operação caótica, evidenciando uma sofisticação organizacional e “governança em rede”, onde comandos nacionais estabelecem acordos com grupos locais. A expansão territorial dessas facções demonstra um modelo análogo a franquias empresariais, caracterizado pela dependência logística de grupos menores, o que garante capilaridade e controle indireto de vastas áreas. Conclui-se que as facções são organizações altamente sofisticadas e resilientes. Compreender suas lógicas e mecanismos de adaptação é fundamental para o desenvolvimento de políticas de segurança pública eficazes, especialmente na Amazônia, possibilitando a formulação de estratégias precisas para desarticular suas estruturas.
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