ENTRE A LIBRAS E O PORTUGUÊS
A FORMAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE SURDOS
DOI:
https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p5268-5294Palavras-chave:
Educação bilíngue, Surdez, Ensino de Língua Portuguesa como L2, Formação docente, Políticas públicasResumo
Este artigo discute o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua (L2) no contexto da educação bilíngue de surdos, analisando as implicações teóricas, políticas e pedagógicas que atravessam essa prática. A pesquisa fundamenta-se em uma abordagem qualitativa e interpretativa, por meio de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL) realizada entre os anos de 2021 e 2023, período de consolidação legal da educação bilíngue no Brasil, com a promulgação da Lei nº 14.191/2021. O estudo analisou produções acadêmicas, documentos e legislações que tratam do ensino de português para surdos, com foco na formação docente e nas políticas linguísticas que orientam o bilinguismo. Os resultados indicam avanços significativos no reconhecimento da Libras como língua de instrução e da educação bilíngue como modalidade própria, mas também evidenciam desafios persistentes, como a insuficiência da formação docente, a predominância do paradigma ouvinte nas práticas escolares e a fragilidade na implementação das políticas públicas. Conclui-se que o ensino de português como L2 deve ser compreendido como espaço de criação, tradução e resistência, e não como correção da diferença. A efetivação de uma educação bilíngue emancipatória depende da articulação entre formação crítica de professores, políticas linguísticas consistentes e práticas pedagógicas que reconheçam o corpo surdo e a Libras como fundamentos de uma epistemologia própria.
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