EXPERIMENTAÇÃO INVESTIGATIVA NO ENSINO DE QUÍMICA UTILIZANDO A ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA.
DOI:
https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p4636-4647Palavras-chave:
Experimentação investigativa, Ensino de Química, Qualidade da águaResumo
O artigo examina a contribuição da experimentação investigativa para o ensino de Química, tomando como eixo a análise físico-química da água em uma escola pública do interior da Bahia. Fundamentado na Aprendizagem Significativa de Ausubel e na análise de conteúdo de Bardin, o estudo dialoga com críticas a práticas laboratoriais prescritivas e defende sequências didáticas contextualizadas, seguras e de baixo custo, alinhadas aos manuais da FUNASA e às portarias do Ministério da Saúde. Participaram 41 estudantes, divididos em dois grupos, que coletaram amostras em diferentes torneiras e compararam água da rede da distribuidora com água armazenada em tanque de polietileno. Avaliaram-se parâmetros físicos (cor, turbidez, temperatura) e químicos (alcalinidade total, CO₂ livre, dureza, pH, cloro residual, alumínio, fluoreto). Diante de limitações de infraestrutura e segurança, privilegiaram-se fitas reagentes e procedimentos simplificados, sem perder de vista a confiabilidade pedagógica. Nos resultados físicos, a coloração esbranquiçada inicial em algumas torneiras foi explicada por microbolhas de ar decorrentes de interrupções no abastecimento, e não por excesso de cloro; a turbidez foi baixa e a temperatura variou pouco, com leve elevação na água armazenada por maior exposição solar. Nos resultados químicos, registraram-se alcalinidade entre 160 e 180 mg/L, pH 8,5, ausência de CO₂ livre, dureza de 150 mg/L, cloro residual de 2 mg/L, alumínio não identificado e fluoreto de 1 mg/L, compatíveis com referências de potabilidade. Pedagogicamente, a proposta promoveu a formulação de hipóteses, o trabalho colaborativo, a leitura crítica de dados e a comunicação científica. O engajamento dos alunos aumentou, e a turma articulou evidências experimentais com vivências domésticas e com a saúde pública, corrigindo concepções equivocadas, como a associação automática entre cor e cloro. Conclui-se que, mesmo sob restrições logísticas, o ensino por investigação torna a aprendizagem mais significativa, replicável e formativa. Ao situar a análise da água no cotidiano dos estudantes, a sequência consolidou conceitos de Química, desenvolveu competências cidadãs e mostrou a pertinência de abordagens investigativas na escola pública brasileira.
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