Interculturalidade na formação médica: revisão integrativa sobre a atuação de estudantes de medicina no atendimento a populações indígenas e não indígenas na Atenção Primária à Saúde

Resumo

A formação médica contemporânea no Brasil enfrenta o desafio de preparar profissionais aptos a atuar em contextos de intensa diversidade sociocultural, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS). Este estudo teve como objetivo analisar, por meio de uma revisão integrativa da literatura, a atuação de estudantes de medicina em Unidades de Saúde da Família (USFs), no atendimento a populações indígenas e não indígenas, com foco no desenvolvimento de competências interculturais. A pesquisa foi realizada em bases de dados nacionais e internacionais, utilizando descritores relacionados à formação médica, saúde indígena, interculturalidade e APS. Os resultados revelaram que marcos normativos, como a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e as Diretrizes Curriculares Nacionais, assim como iniciativas institucionais e programas de extensão, favorecem experiências de campo capazes de sensibilizar estudantes e promover o respeito aos saberes tradicionais. Contudo, as práticas ainda se mostram pontuais, heterogêneas e pouco integradas aos currículos de forma transversal. Evidências internacionais indicam a necessidade de reformas estruturais, apoio acadêmico a estudantes indígenas e metodologias específicas de comunicação intercultural. Conclui-se que a interculturalidade deve ser tratada como eixo central da formação médica, de modo a contribuir para a redução das desigualdades em saúde e para a consolidação de uma APS inclusiva e equitativa.