INFECÇÃO MATERNA POR HERPES SIMPLES TIPO 1 COM VENTRICULOMEGALIA E AGENESIA DO CORPO CALOSO FETAL: RELATO DE CASO

Resumo

As infecções congênitas constituem um importante desafio para a obstetrícia moderna, em razão de sua associação com alterações neurológicas e repercussões adversas no desenvolvimento fetal. Entre as etiologias do grupo TORCH, o herpes simples tipo 1 (HSV-1) apresenta papel crescente como causa de morbimortalidade perinatal, especialmente quando adquirido durante a gestação. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de uma gestante com sorologia positiva para HSV-1 (IgM) e achados fetais compatíveis com ventriculomegalia e agenesia do corpo caloso, discutindo suas implicações clínicas e diagnósticas à luz da literatura contemporânea. Trata-se de paciente de 26 anos, branca, com antecedentes de fibromialgia em uso contínuo de sertralina 50 mg, acompanhada em ambulatório de alto risco devido à vulnerabilidade social. Durante o pré-natal, exames laboratoriais revelaram sorologia positiva para HSV-1 (IgM), sugerindo infecção ativa ou recente. A ultrassonografia obstétrica evidenciou ventriculomegalia fetal, sendo posteriormente confirmada agenesia do corpo caloso por exame complementar. Diante desses achados, foi indicada investigação ampliada com exames genéticos e ressonância magnética fetal a partir de 32 semanas, além de aconselhamento multiprofissional. A associação entre HSV-1 materno e malformações neurológicas fetais ressalta a complexidade do manejo clínico e a importância do diagnóstico precoce. Este caso ilustra a necessidade de integrar fatores biológicos e sociais na assistência pré-natal, destacando que a identificação de alterações do sistema nervoso central exige investigação ampla, orientação familiar e seguimento especializado. Conclui-se que relatos como este contribuem para o conhecimento clínico, favorecendo a construção de estratégias de cuidado integral voltadas à mãe e ao bebê.