Desigualdades em Saúde e Políticas Afirmativas: Análise das Estratégias Coletivas Voltadas à População Negra e Indígena

Autores

  • Gislleny Vidal
  • Dália Passos Sousa
  • Luan Cruz Barreto
  • Jessica Cristina da Silva Lucas
  • Barbara Silva Andrade
  • Pamela Nascimento Simoa da Silva
  • Raimara Gonçalves Pereira
  • Andresa Barros Santos
  • Aline Pacheco Eugênio
  • Karina da Silva Vale Yagi

DOI:

https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p2016-2031

Palavras-chave:

Saúde da População Negra; Saúde de Populações Indígenas; Desigualdades em Saúde; Políticas Públicas; Racismo.

Resumo

As desigualdades em saúde no Brasil expressam heranças históricas de colonialidade e racismo estrutural, refletindo-se em piores condições de vida, maiores taxas de mortalidade materna e infantil, prevalência de doenças crônicas e acesso limitado a serviços de saúde para populações negras e indígenas. Nesse contexto, políticas afirmativas, como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), foram instituídas como estratégias para enfrentar essas disparidades e promover cuidados culturalmente sensíveis. O objetivo desse estudo é analisar as desigualdades em saúde e discutir as políticas afirmativas voltadas à população negra e indígena, com foco nas estratégias coletivas implementadas no Brasil.  Para isso, foi realizado uma revisão narrativa de literatura, fundamentada na análise crítica de artigos científicos, dissertações, teses e documentos institucionais. A busca foi realizada nas bases SciELO, PubMed, LILACS, BVS e Google Scholar, além de documentos oficiais do Ministério da Saúde. Foram incluídas produções em português, inglês e espanhol, sem recorte temporal restritivo, priorizando publicações das últimas duas décadas. Por meio disso, a revisão evidenciou que, embora as políticas afirmativas representem avanços significativos na formulação de diretrizes específicas, sua implementação ainda enfrenta desafios relacionados ao financiamento, à institucionalização local, à logística em territórios indígenas e ao racismo institucional. Persistem desigualdades raciais e territoriais que comprometem o acesso equitativo à saúde. Conclui-se que o fortalecimento do SUS, aliado à valorização de saberes culturais, à formação de profissionais para práticas antirracistas e à consolidação de políticas públicas efetivas, é essencial para reduzir as iniquidades e assegurar o direito universal à saúde para populações historicamente marginalizadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANUNCIAÇÃO, Diana et al. (Des)caminhos na garantia da saúde da população negra e no enfrentamento ao racismo no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 27, n. 10, p. 3917-3926, out. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.08212022

ARAÚJO, Ivison Luan Ferreira; RIBEIRO, Luiz Paulo. A saúde da população negra e as políticas no século XX: é nas encruzilhadas que encontramos resistências, emancipações e mortes. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 41, n. 4, e00080224, 11 abr. 2025. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311XPT080224

. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC11996182

BRASIL. Ministério da Saúde. Morte de mães negras é duas vezes maior que de brancas, aponta pesquisa. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 23 nov. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/novembro/morte-de-maes-negras-e-duas-vezes-maior-que-de-brancas-aponta-pesquisa.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Saúde Brasil 2019: uma análise da situação de saúde com enfoque nas doenças imunopreveníveis e na imunização. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 520 p. ISBN 978-85-334-2744-0.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 992, de 13 de maio de 2009. Institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 14 maio 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 2. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 36 p. ISBN 978-85-334-1968-1.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 254, de 31 de janeiro de 2002. Aprova a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 4 fev. 2002.

CHOR, Dóra. Desigualdades em saúde no Brasil: é preciso ter raça. coi Rio de Janeiro, v. 29, n. 7, p. 1272-1275, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2013000700001

COIMBRA JÚNIOR, Carlos Everaldo Alvares; SANTOS, Ricardo Ventura. Saúde, minorias e desigualdade: algumas teias de inter-relações, com ênfase nos povos indígenas no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 125-132, 2000. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100011

COELHO, Rony; CAMPOS, Gisele. O campo de estudos sobre saúde da população negra no Brasil: uma revisão sistemática das últimas três décadas. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 33, n. 1, e220754, 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902024220754pt

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2024.

MINAYO, Maria Cecília de Souza; FREIRE, Neyson Pinheiro. Pandemia exacerba desigualdades na saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 9, p. 3555-3560, set. 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232020259.13742020

MALTA, Deborah Carvalho et al. Arterial hypertension and associated factors: National Health Survey, 2019. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 56, n. 122, 18 nov. 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056004177

MENDES, Ana paula Martins et al. O desafio da atenção primária na saúde indígena no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, DC, v. 42, e184, 27 nov. 2018. DOI: https://doi.org/10.26633/RPSP.2018.184. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6386040/

MACIAS-KONSTANTOPOULOS, Wendy L. et al. Race, healthcare, and health disparities: a critical review and recommendations for advancing health equity. Western Journal of Emergency Medicine, [s.l.], v. 24, n. 5, p. 906-918, 8 ago. 2023. DOI: https://doi.org/10.5811/westjem.58408. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10527840

OPAS, Organização Pan-americana da saúde. Relatório mundial sobre determinantes sociais da equidade em saúde. Genebra: OMS, 6 maio 2025.

ROTHER, Edna Terezinha. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 2, p. v-vi, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001

SANTOS, José Alcides Figueiredo. Desigualdades e interações de classe social na saúde no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 63, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/001152582020203. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dados/a/8CFM7dFny3WQK2BKrXH2cZP

SILVA, Cosmo Helder Ferreira da et al. Relato sobre as políticas de saúde da população negra e indígena no Brasil. Revista da ABPN, Goiânia, v. 7, n. 16, p. 199-219, mar./jun. 2015

VIANA, Ana Luiza d’Ávila; IOZZI, Fabíola Lana. Enfrentando desigualdades na saúde: impasses e dilemas do processo de regionalização no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 35, supl. 2, e00022519, 17 out. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00022519

Downloads

Publicado

2025-09-01

Como Citar

Vidal, G., Sousa, D. P., Barreto, L. C., Lucas, J. C. da S., Andrade, B. S., Silva, P. N. S. da, … Yagi, K. da S. V. (2025). Desigualdades em Saúde e Políticas Afirmativas: Análise das Estratégias Coletivas Voltadas à População Negra e Indígena . INTERFERENCE: A JOURNAL OF AUDIO CULTURE, 11(2), 2016–2031. https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p2016-2031

Edição

Seção

Revisão de Literatura