Educação Física para além das práticas corporais: Possibilidade do desenvolvimento da autonomia e senso crítico sob a perspectiva freireana
DOI:
https://doi.org/10.36557/2009-3578.2025v11n2p1585-1607Palavras-chave:
Educação Física; Autonomia; Paulo Freire; Pensamento Crítico; Pratica EmancipatóriaResumo
O presente ensaio analisa a Educação Física escolar no Brasil sob a perspectiva freireana, evidenciando seu potencial para promover autonomia, pensamento crítico e consciência social. Partindo de uma contextualização histórica, discute-se como a disciplina, marcada por práticas tradicionais, tecnicistas e por vínculos com projetos políticos e militares, muitas vezes reforçou estruturas excludentes e hegemônicas. A pesquisa tem como objetivo compreender a potencialidade da Educação Física enquanto prática pedagógica crítica e inclusiva, capaz de articular corporeidade e reflexão, problematizar relações de poder e valorizar a diversidade cultural. Especificamente, busca-se identificar barreiras institucionais e culturais à adoção de abordagens emancipadoras, bem como estratégias que estimulem o protagonismo dos estudantes e a construção coletiva do conhecimento. Metodologicamente, trata-se de uma revisão bibliográfica fundamentada em obras e artigos científicos de Paulo Freire, Elaine Prodócimo, João Paulo Medina, Lino Castellani Filho, entre outros, complementada por estudos recentes sobre pedagogias críticas aplicadas à Educação Física. A análise destaca que a práxis dialógica, quando vinculada à realidade dos educandos, contribui para a superação da mera repetição de gestos motores, transformando as aulas em espaços de reflexão e ação crítica. As considerações finais apontam que, para atuar como agente de transformação social, a Educação Física deve transcender abordagens reducionistas e tecnicistas, reconhecendo o corpo como elemento cultural e político. Nesse sentido, o professor assume o papel de mediador, estimulando a participação ativa e o diálogo, integrando saberes corporais e contextuais. Ao abordar questões como desigualdades de acesso, barreiras de gênero e padrões estéticos, a disciplina se reafirma como espaço de cidadania, formação integral e justiça social. Assim, fundamentada em princípios freireanos, a Educação Física escolar torna-se instrumento de emancipação, capaz de formar sujeitos críticos, autônomos e engajados na transformação de sua realidade.
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